Em parceria inédita, Programa Jovem Aprendiz do Senac é realizado em unidades socioeducativas de Sergipe

Jovens que cumprem medidas socioeducativas recebem curso e estágio remunerado, através de parceria entre Fundação Renascer, MPE/SE, MPT, NC Vigilância e Senac

Adolescentes que cumprem medidas em unidades socioeducativas da Fundação Renascer iniciaram o Programa Jovem Aprendiz na última semana. Em iniciativa inédita, 24 socioeducandos – entre meninos e meninas – receberão o curso profissionalizante de “auxiliar administrativo” e vagas de estágio remunerado, com bolsa-auxílio no valor de meio salário mínimo e auxílio-transporte, através da parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Ministério Público de Sergipe (MPE/SE), Ministério Público do Trabalho (MPT), empresa NC Vigilância e a Fundação Renascer, vinculada à Secretaria de Estado da Inclusão Social (Seias). Participam: oito jovens da unidade de semiliberdade Comunidade de Atendimento Socioeducativo São Francisco de Assis (Case I); nove da Comunidade de Atendimento Socioeducativo Semiliberdade (Case II); e, sete adolescentes da Unidade Feminina (Unifem).

Com duração de 16 meses, o Programa acontecerá de segunda a sexta-feira, até o início de 2022. Neste primeiro mês [outubro], os aprendizes terão apenas aulas teóricas,ministradas de forma remota, mas com auxilio presencial de instrutores, como conta o diretor regional adjunto do Senac Sergipe, Marcos Antônio Barreto. “Sentimos muito honrados de participar desse projeto. Nosso objetivo não é simplesmente certificar esses alunos, mas sim que eles consigam ser inseridos no mundo do trabalho com novas perspectivas para mudarem suas vidas. Durante o curso, o Senac também trabalha com a família ou responsáveis pelos alunos . O Senac já atuou com alunos em situação de vulnerabilidade ou em conflito com a lei em nossas instalações, mas neste caso, o curso é remoto. Então, foi criada toda uma estrutura para o Programa acontecer nas intalações da Fundação Renascer. É algo inédito!”, disse o diretor do Senac.

Os 24 alunos foram divididos em duas turmas (manhã e tarde) e assistem às aulas através de computadores em uma sala de informática climatizada e equipada para receber o programa, na sede da Fundação Renascer. A partir de novembro, os aprendizes iniciarão o estágio de “assistente administrativo” em empresas parceiras. Com isso, a carga horária será alterada e passará a ser dividida em: dois dias de aula teórica, e três dias de estágio. A aquisição dos computadores e a remuneração dos aprendizes são frutos de acordo judicial firmado entre o MPT em Sergipe e a empresa NC Vigilância, como cumprimento alternativo da cota de aprendizes da empresa, com reversão da multa em serviço público.

Inclusão pelo trabalho

Os jovens revelam a expectativa de entrar no mercado de trabalho formal e poder receber a bolsa-auxílio. “Além de aprender muitas coisas boas, como a postura no ambiente de trabalho e o respeito, o programa vai me trazer a oportunidade de comprar minhas coisinhas, ter independência financeira e, como sou casado, poder também ajudar minha esposa dentro de casa”, disse o socioeducando da Case I, D. F. C. B., de 20 anos. É o mesmo que pensa o jovem M. S. S., também de 20 anos, que cumpre medida socioeducativa na Case II. “Com o curso, tenho certeza que quando sair daqui vou conseguir um emprego de carteira assinada pra ajudar minha mãe, comprar um terreno e melhorar minha vida”, planeja o adolescente.

“Estamos vivenciando um momento ímpar. Em diversas ocasiões, esses jovens contam que começaram a trabalhar muito cedo, geralmente como carregador de feira ou auxiliar de pedreiro. Agora, eles terão a oportunidade de aprender a profissão de ‘auxiliar administrativo’, receber certificado do curso, ter a carteira assinada e ainda meio salário mínimo de bolsa-auxílio. Com esse valor, eles poderão exercer a sua autonomia financeira e comprar recursos ou itens para ajudar a familia e a si mesmos. É o primeiro passo para uma grande mudança que eles verão lá na frente. Vale destacar que, para participar do Programa, eles precisam estar vinculados à rede escolar de ensino, e todos estão matriculados em níveis fundamental e médio”, explica a coordenadora técnica da Case I, Carla Vanessa.

As meninas da Unifem também acreditam que o curso mudará suas vida, como conta a jovem L. A. J., de 17 anos. “Vai me abrir muitas portas e oportunidades para ajudar minha familia, meus irmãos e a mim mesma. Futuramente, quando tiver um filho, vou poder dar pra ele o que eu não pude ter”. Já C. P. A., de 18 anos, destaca o conteúdo das aulas: “Aprendemos sobre ética, respeito, educação, empatia, muitas coisas boas. Está sendo maravilhoso e ainda vamos aprender muito mais”. A diretora da unidade, Silvia Angela Resnati, ressalta a importância do programa para as socioeducandas. “É a primeira vez que as adolescentes participam de um curso profissionalizante com uma carga horária tão extensa. Será fundamental para a formação delas. Este é um marco na história da Fundação Renascer e na vida desses jovens”, afirma a diretora da Unifem.

Auxílio Transporte

Os jovens da Case I e as adolescentes da Unifem não necessitam de transporte para se deslocarem até o curso, pois ambas as unidades ficam ao lado da sede da Fundação Renascer, onde as aulas teóricas acontecem de forma remota na sala de informática. Já os socioeducandos da unidade de semiliberdade Case 2 recebem auxílio-transporte para irem até o local. “Eles participam da turma da tarde. Como nossa unidade é localizada na Rua Acre, eles recebem cartão de vale-transporte para se deslocarem de ônibus até a Fundação. O Programa Jovem Aprendiz é muito importante para eles, pois a profissionalização, o aprendizado e a preparação para o mundo do trabalho são juntos uma nova oportunidade para esses adolescentes. É um dos principais caminhos para a ressocialização dos jovens e para a construção de um novo projeto de vida”, afirmou a coordenadora técnica da Case II, Mônica Fontes.

Última atualização: 19 de outubro de 2020 17:16.

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