Trabalho que transforma: conheça a rotina dos catadores de recicláveis no Arraiá do Povo

 Profissionais celebram o cuidado recebido  na Estação Acolher e compartilham o dia a dia de um trabalho essencial para o meio ambiente e para a festa

Todos os dias, milhares de pessoas lotam o Arraiá do Povo e ajudam a construir o maior São João à beira-mar do Brasil. Nos palcos, artistas sergipanos e atrações nacionais encantam o público com um verdadeiro espetáculo. Mas, por trás da grandiosidade da festa, há um exército silencioso de profissionais que também merecem destaque: os catadores de materiais recicláveis.

Muito mais do que garantir a limpeza do espaço, esses trabalhadores são verdadeiros agentes ambientais. Com dedicação e esforço, eles transformam resíduos em renda e contribuem diretamente para a sustentabilidade do evento. Vindos de diferentes locais de Sergipe, enfrentam uma rotina intensa, marcada por esforço físico, dignidade e perseverança.

Uma dessas profissionais é Maria Maura, de 62 anos. Com a firmeza de quem conhece seus próprios limites, ela não perde tempo. “Chego por volta das 16h, deixo minha neta aqui na Estação Acolher e me organizo para trabalhar bem”, contou. Desde o início da festa, Maura participa da coleta no entorno do evento. Sua neta, de 10 anos, fica em segurança no espaço preparado especialmente para os filhos e dependentes dos catadores. 

A Estação Acolher, iniciativa do Governo de Sergipe por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic), oferece acolhimento e estrutura para que esses profissionais possam desenvolver seu trabalho com mais dignidade. O espaço conta com dormitórios, banheiros, local para banho, refeitório com refeições servidas na chegada e no encerramento da jornada. Para quem tem filhos, há ainda um ambiente seguro e confortável, com alimentação, atividades educativas e recreativas.

“É muito bom saber que minha neta está segura, num ambiente limpo, agradável e bem alimentada. Isso me dá paz para trabalhar”, diz Maura. Ela costuma voltar à Estação por volta das 6h da manhã, para buscar a menina e seguir para casa. Sobre o ambiente do Arraiá, ela elogia: “Gostei muito. É tranquilo, não tem confusão. Mesmo com tanta gente bebendo, a gente trabalha sossegada”. 

Outra catadora que compartilha dessa experiência é Ana Diege, que chegou à Estação no dia 10 de junho. Para ela, o acolhimento foi algo inédito em sua trajetória com a reciclagem. “Fico até umas 7h da manhã para aproveitar ao máximo. Depois vou pra casa descansar”, contou. Apesar da rotina puxada, Ana não se queixa. “O dia fica corrido, mas a gente dá um jeito” . Ela também destaca a importância financeira da atividade.  “Alguns dias dá mais, outros menos, mas tem sido um dinheiro importante, que ajuda bastante”, conta.  

Ivan Santos considera a oportunidade um alívio para sua vida financeira. “Tá bom demais. A gente ganha um dinheirinho, tem café, janta. Quando chega cansado, tem um lugar bom pra descansar: cama, cobertor, até ar-condicionado. Tem banheiro, tudo direitinho”, afirma. Comprometido com o trabalho, Ivan se diz pontual e dedicado. “Chego às 17h, sem falta. É um compromisso”. 

A Secretaria de Assistência Social também garantiu o cartão transporte, em parceria com o Setransp, facilitando o deslocamento dos catadores até o local de trabalho. A medida trouxe alívio para trabalhadores como Eronildo Ferreira de Mello. “Quase desisti porque vinha de bicicleta. Moro no Eduardo Gomes e é cansativo demais. Agora, com esse cartão maravilhoso, vou trabalhar direitinho”, comemorou.

A ação da Seasic no Arraiá do Povo é exemplo de como políticas públicas bem executadas impactam diretamente a vida de quem precisa. “Com o que ganho aqui, já dá pra pagar uma conta de luz, uma de água, até comprar um botijão de gás, que às vezes tá vazando em casa. Graças a Deus, a gente não tá parado. A gente chega cansado e tem onde repousar. É isso que importa: respeito com o trabalhador”, resume o  catador Ademilson Santos. 

Estação Acolher

A secretária de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania, Érica Mitidieri, destaca  que a iniciativa foi pensada para responder às necessidades reais desses trabalhadores.

“A gente escutou o que os catadores precisavam e pensou em cada detalhe da Estação Acolher para garantir que eles pudessem trabalhar com tranquilidade. Desde o transporte até o cuidado com os filhos, tudo foi planejado para dar suporte a quem tem um papel essencial no Arraiá”, declara. 

Última atualização: 23 de junho de 2025 09:21.

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