Publicado em 20 de março de 2019 às 19:54.

Violência Obstétrica e Empoderamento Feminino são debatidos no CRAS do Santa Maria


“Não só o médico e a equipe do hospital são responsáveis pelo parto. A responsabilidade também é da mulher. Temos direitos garantidos, mas precisamos fazer cumprir esses direitos. Trazer a informação para garantir a assistência com boas práticas e uma experiência positiva para a mulher, para aquela família que está nascendo”, disse a doula Gabriele Ariosi Barroso a um grupo de mulheres do bairro Santa Maria. Convidada pela secretaria de Estado da Inclusão, da Assistência Social e do Trabalho (Seit), ela participou da roda de conversa sobre Violência Obstétrica e Empoderamento Feminino com o público atendido pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da localidade, na última terça-feira, 19.

O encontro foi mais uma iniciativa da Seit dentro da programação “Todxs por Todas”, realizada pelo governo do Estado neste mês de março. Segundo Roseli dos Santos Reis, técnica operacional de articulação em redes do departamento de Inclusão e Direitos Humanos, a Fundação Perseu Abramo aponta que um quarto das mulheres brasileiras é vítima de violência no momento do parto ou pré-natal, e que são 56% dos partos do país são cesarianas (88% deles em hospitais particulares). A Organização Mundial de Saúde recomenda que este coeficiente fique entre 10% e 15%, apenas quando o quadro clínico considerar necessário.

“É um problema que poucas pessoas conhecem. Às vezes a mulher não sabe que sofreu violência. Então a gente trouxe a doula Gabi para que ela dê a orientação, explique quais são os procedimentos e tire as dúvidas das mulheres também”, disse Roseli. A doula é um profissional que dá apoio emocional, suporte físico e informacional para a mulher gestante, trabalhando com métodos não-farmacológicos para alívio da dor, visando a um trabalho de parto tranquilo e sem a necessidade de intervenções desnecessárias.

Em sua terceira gestação, Graziele Cordeiro está de sete meses. Não lembra de ter acontecido nada que possa ser considerado violência obstétrica nos dois primeiros partos – um normal e um cesariana, mas afirma que, depois de participar da roda de conversa, vai saber identificar, se vier acontecer. “Eu acho importante, porque muitas não sabem, mas precisam saber dos seus direitos quando forem ter seus filhos”, pontuou.  Aos oito meses da quarta gravidez, Daniela Santos constatou que sofreu violência obstétrica sem saber, após a palestra. “Na segunda gestação eu fiquei 12 horas sem se alimentar. Passei por isso, mas não sabia que era uma violência. É importante saber”, afirmou a gestante.

Empoderamento Feminino
Antes da roda de conversa, o evento foi aberto pelas apresentações do Coral Ágape e pela esquete teatral ‘Maria da Penha, uma história de luta’, encenada pela Cia de Arte da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese). “O teatro é uma ferramenta extraordinária para ensinar e alertar. Por se tratar de algo lúdico, as pessoas prestam mais atenção, absorvem com os olhos e os ouvidos”, explicou Monica Moreira, coordenadora da Cia de Artes da Alese.

Segundo Milena Rocha, coordenadora do CRAS, o evento teve a colaboração de órgãos e instituições parceiras, integrando a programação da prefeitura de Aracaju nos bairros. “Em alusão ao Mês da mulher, os CRAS de Aracaju estão trabalhando temáticas relacionadas à mulher. Aqui escolhemos o empoderamento feminino, com o recorte ‘a mulher e suas potencialidades’. Trouxemos a igreja, a OAB/SE (Ordem dos Advogados do Brasil), a Alese e a Seit. Além das mulheres do grupo do Santa Maria, a gente trouxe algumas gestantes do grupo do CRAS Maria Diná, do Bairro 17 de Março”, concluiu.

|Fotos: Pritty Reis