A violência obstétrica é um tema ainda pouco abordado, mas que acontece com muitas mulheres. De forma leve e descontraída, uma roda de conversa sobre “Saúde da Mulher e Violência Obstétrica” debateu o assunto no Espaço Cuidar do Bugio, na terça-feira, 12. Mães, avós e bisavós do grupo Caminhando com a Melhor Idade compartilharam experiências e aprenderam sobre direitos da mulher durante o parto. A ação fez parte da programação da campanha “Todxs por Todas”, promovida pelo governo do Estado, que ocorrerá durante todo o mês de março.
Facilitada pela gerente de articulação de rede, Aline Soares, do departamento de Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência Social e do Trabalho (Seit), a roda de conversa elucidou os principais tipos de violência contra a mulher cometidas desde a gestação até o puerpério. “Essas mulheres relataram aqui práticas que acontecem com frequência durante os partos e que podem ocasionar traumas difíceis de sanar. Dentre as violências obstétricas mais recorrentes estão a episiotomia (corte na área entre vagina e ânus) sem o conhecimento da mulher, a Manobra de Kristeller (pressionar a barriga para forçar a saída do bebê), os exames de toque incessantes, alguns dizeres depravados relacionando o momento de concepção da gravidez e as dores do parto, entre outras violências físicas e psicológicas”, afirmou Aline.
Para a dona de casa Lucélia Santos Sá, 60 anos, a roda de conversa supreendeu, por conectar as experiências de tantas mulheres. “Esse debate foi ótimo, muito esclarecedor, pois essa violência acontece muito. No meu primeiro parto, me ‘cortaram toda’, o médico subiu na minha barriga, mas ainda assim o bebê não conseguiu sair, então tive que passar por cesariana. Foi horrível, fiquei muito assustada. Agora vou prestar atenção às minhas filhas e netas, para acompanha-las e não deixar que elas também passem por isso. Só temos a agradecer ao Espaço Cuidar por sempre trazer experiências tão boas para a gente, é um espaço muito importante para a comunidade”, disse Dona Lucélia.
Entre os principais direitos da mulher parturiente estão a Lei do Acompanhante (Lei Federal nº 11.108, de 07 de abril de 2005), que determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) é obrigado a permitir à gestante o direito a acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, podendo ser o pai de bebê ou qualquer outra pessoa de sua escolha. Além disso, a legislação brasileira obriga o SUS a oferecer condições para a realização de partos humanizados. “Se estes direitos não forem respeitados, vocês devem entrar em contato com a Ouvidoria da Secretaria de Estado da Saúde através do telefone 155, e com a Ouvidoria do Ministério da Saúde através do telefone 136”, informou a facilitadora da Roda de Conversa.
A coordenadora geral dos Espaços Cuidar, Avanize Santos, destaca a importância de levar à temática para as comunidades. “É uma oportunidade ímpar para estas pessoas poderem trocar experiências e, ao mesmo tempo, receber informação e conhecimento. Aqui é um espaço de interação e inclusão para a criança, o idoso e também toda a família. O nosso objetivo é fazer com que o trabalho do governo chegue até a comunidade, portanto estamos aqui para orientar, fazer uma escuta, dar um abraço, um riso, para efetivamente sermos um espaço de inclusão para todos”, falou Avaníze.
A Roda de Conversa foi finalizada ainda mais leve do que começou, com a divertida sessão de Yoga do Riso. Também chamada de risoterapia ou terapia do riso, a prática conduz ao ato de rir independente de motivo, a partir da combinação de exercícios de respiração utilizados no yoga tradicional e exercícios lúdicos, que levam ao riso. A técnica se baseia em estudos que comprovam que o corpo não consegue diferenciar gargalhadas falsas e reais, e acaba produzindo os mesmos benefícios para o corpo e mente.
A programação da campanha “Todxs por Todas” continua na tarde desta quarta-feira, 13, com mais uma roda de conversa – esta sobre o tema “Mulheres no Mundo do Trabalho” – no Centro de Referência em Atendimento à Mulher (CREAM) da Barra dos Coqueiros.