Publicado em 16 de outubro de 2019 às 17:07.

SuperAção 2019 promoveu inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho


Cerca de 200 vagas foram ofertadas pelo NAT e pela Fundat nesta edição, com entrevista imediata com empregadores

Fotos: Pritty Reis

A Praça Fausto Cardoso, no Centro de Aracaju, recebeu a quarta edição do SuperAção, na manhã desta quarta-feira, 16. O evento teve como principal objetivo a oferta de vagas de emprego e serviços para inserção de Pessoas com Deficiência (PcD) e reabilitados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no mercado de trabalho, com encaminhamento direto para entrevistas com possíveis empregadores, que também participaram da ação. Realizado pelo Fórum Permanente de Inserção de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho de Sergipe, a ação contou com a parceria da Secretaria de Estado da Inclusão Social (Seit), através do Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT), que realizou intermediação de mão de obra para vagas exclusivas para PcDs.

Segundo Márcia Diniz, técnica de intermediação de mão de obra do NAT, o evento foi uma oportunidade de reunir empregadores e diversos serviços num só lugar. “As empresas cadastram previamente as vagas em nosso banco de dados, e a gente convoca o público-alvo. As empresas parceiras, que também participam desta ação, estão aqui preparadas para fazer as entrevistas com eles e, se for o caso, esses trabalhadores já saem encaminhados para ir à empresa e realizar a contratação. Para o SuperAção deste ano, trouxemos uma média de 200 vagas, sendo 56 pelo NAT e o restante pela Fundat, em diversas funções”, contou.

O coordenador da agência do trabalhador da Fundação Municipal de Formação para o Trabalho (Fundat), Cleber Pinto, destacou a importância da abertura de vagas para essa parcela da população. “Convocamos os profissionais com os perfis das vagas ofertadas aqui hoje. Nós temos uma deficiência muito grande na aquisição de vagas para deficientes, então esse evento veio para engrandecer esse mercado e trazer vagas para pessoas com deficiência que necessitam de um emprego”, explicou.

De acordo com o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Sergipe (CePcD), Antônio Luiz dos Santos, o evento fortalece a valorização das PcDs. “Pelo Censo de 2010, há 518 mil pessoas com deficiência física em Sergipe e, lamentavelmente, esse índice cresce muito por conta dos acidentes automobilísticos, e também por causa de doenças. O Superação é uma forma de enfrentar as dificuldades que as pessoas com deficiência passam para entrar no mercado de trabalho. Este evento prova que as pessoas com deficiência não precisam da compaixão, mas sim de oportunidade. Temos habilidades e precisamos ser protagonistas do cenário em que vivemos. Estamos aqui para buscar isso”, disse.

Vagas
Uma das trabalhadoras que compareceu ao evento foi a jovem Keller Bispo, que tem visão monocular. Com formação em Direito, ela busca há três meses uma vaga no mercado de trabalho e falou sobre os principais desafios enfrentados pelas PcDs. “As pessoas que possuem algum tipo de deficiência sofrem um pouco de preconceito. Geralmente, as empresas querem colocar as pessoas com deficiência só para serviços gerais e não dão o devido valor às habilidades das pessoas. Eu acho importante que existam esses eventos para que possam inserir pessoas com deficiência no mercado de trabalho, onde elas realmente se adéquem. Gostaria de trabalhar na área administrativa”, disse.

O trabalhador Jason de Castro também compareceu ao evento em busca de uma vaga de emprego. Com deficiência física, ele conta quais são as principais dificuldades que enfrenta para inserção no mercado de trabalho. “É a primeira vez que participo deste evento e vim com a esperança de conseguir uma oportunidade. Estou há dois anos à procura de emprego. O que percebo muito é que as empresas não dispõem das ferramentas necessárias para receber alguns tipos de deficientes. Gostaria de trabalhar como motorista ou qualquer área ligada à agricultura orgânica ou saúde”, contou.

O SuperAção contou com cerca de 30 empresas ofertando vagas através do NAT e da Fundat, segundo a coordenadora do Fórum Permanente de Inserção de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho de Sergipe, Urcelina Porto da Silva, que é também representante da Superintendência Regional do Trabalho em Sergipe. “Este evento é resultado de um trabalho em equipe entre o Fórum e as entidades parceiras. O Fórum é composto por órgãos federais, municipais e estaduais, e pelas entidades privadas que buscam a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O Fórum atua diretamente para a empregabilidade e acessibilidade das pessoas com deficiência e o NAT sempre foi um parceiro nessa intermediação da mão de obra. Temos tido bons resultados e esperamos manter sempre essa parceria”, afirmou.

Uma das empresas que mais ofertou vagas foi a Multiserv, com 20 cargos para preenchimento durante o evento. “Nós estamos ofertando vagas para agentes de limpeza e serviços gerais, que trabalharão com nossos contratos terceirizados. A empresa é voltada para inserção das PcDs, não somente por conta das cotas. Nós temos projetos internos de capacitações e, desde o ano passado, estamos treinando nosso quadro interno administrativo para receber profissionais surdos utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Temos o projeto de acolher o profissional com deficiência com treinamento de integração para que não sinta dificuldades durante o trabalho”, destacou a gestora de recursos humanos da empresa, Célia Souza.

A Lei de Cotas para Deficientes, em vigor há 28 anos [Lei 8213/91], estabelece que empresas com 100 ou mais empregados tenham entre 2% e 5% de trabalhadores com deficiência, como explica o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), Mário Cruz, que também esteve no evento. “O MPT, como ramo especializado do Ministério Público, atua nas questões que envolvem as pessoas com deficiência, tanto na colaboração de eventos como este, quanto investigando e processando empresas que descumpram a lei. Se a inspeção fiscalizar uma empresa e descobrir que ela está descumprindo a norma, ela manda a informação para o Ministério Público, que por sua vez, instaura procedimento para investigar”, explicou.

Fotos: Pritty Reis