SEIT participa do Mutirão da Busca Ativa Escolar com emissão de CTPS e debates sobre violência contra a mulher
Na última semana, a secretaria de Estado da Inclusão, da Assistência Social e do Trabalho (Seit) participou do mutirão da Busca Ativa Escolar, realizado pela secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura (Seduc) dentro da programação “Todxs por Todas”. O mutirão passou por diversos municípios sergipanos, com foco no combate à evasão escolar e no incentivo ao retorno à sala de aula. Entre as ações levadas pela Seit, estão rodas de conversa sobre violência contra a mulher e feminicídio, e a emissão de Carteiras de Trabalho e Previdência Social (CTPS) através do NAT [Núcleo de Apoio ao Trabalho].
O Colégio Estadual Arabela Ribeiro, em Estância, foi o primeiro a receber a ação. O jovem estanciano Alanderlan da Silva Nascimento, de 17 anos, aproveitou a oportunidade para dar entrada na solicitação da sua CTPS. “Foi ótimo ter esse mutirão aqui, porque ficou muito mais próximo. Faço 18 anos este ano, então já quero estar com tudo certo para entrar no mercado de trabalho. Meu sonho é ser bombeiro, mas trabalho no que tiver. O que não pode é ficar parado”, disse o aluno do 9º ano.
Em Nossa Senhora da Glória, foi o Colégio Estadual Cícero Bezerra que recebeu a ação do mutirão da Busca Ativa Escolar. A diretora do colégio, Gláucia Pâmela de Jesus Silva, disse que o serviço de confecção das CTPS na escola abre portas para as oportunidades que virão em forma de estágio. “A gente faz parceria com alguns órgãos públicos como o Banco do Nordeste e Caixa Econômica, e eles solicitam muito, através das notas e da disciplina dos alunos. Fazem uma entrevista e contratam”, informou Gláucia.
A aluna Samanta Gabriele de Santana, de 16 anos, está do 2ª ano do Ensino Médio e achou o atendimento rápido e calmo. “Quando eu conseguir um emprego, eu estarei preparada”. Ela e os demais alunos que solicitaram o documento deverão retornar à diretoria da escola dentro de 15 dias para pegar as suas CTPS já prontas, com a fotografia e assinatura digitais coletadas pelo NAT na hora do cadastro.
Violência contra a mulher
Ainda em Estância, alunos e pais participaram da palestra ministrada pela advogada Valdilene Martins, vice-presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da OAB/SE. “Existem vários tipos de violência contra a mulher. Foi muito bom conversar com esses alunos e alunas para que eles comecem a pensar e a questionar alguns hábitos. Um dos eixos da Lei Maria da Penha é a educação e a prevenção. Essa desconstrução, além de evitar bullying, evita a formação de adultos preconceituosos. Menos preconceito, menos discriminação, mais respeito, mais inclusão”, falou a advogada.
Também no Colégio Estadual Maria Rosa de Oliveira, em Tobias Barreto, a discussão da temática ganhou grande repercussão. Para a diretora Gilvania Santos a discussão sobre violência contra a mulher e feminicídio ajuda na formação dos adolescentes, já que muitas jovens vivem um relacionamento abusivo, mas não se dão conta por não saber o que é. “Temos buscado debater cotidianamente a questão da Lei Maria da Penha. Hoje, nós estamos ultrapassando os muros da escola, focando não só no aluno, mas também na família, e fazendo um trabalho integrado”, relatou.
Em Glória, a aluna do 3º ano do Ensino Médio, Jaqueline Vieira, foi uma das muitas pessoas que se interessaram pelo assunto. Aos 33 anos, ela é casada e conta que a parte que achou mais interessante da roda de conversa foi a que abordou os tipos de violência. “Muitas vezes os maridos batem nas esposas e na família, o pai agride os filhos, e a mãe também. É muito importante estar sempre informada”, disse.
Roseli dos Santos Reis, técnica operacional de articulação em redes diretoria de Inclusão e Promoção de Direitos da Seit, procurou deixar as estudantes à vontade para participar e até buscar um diálogo reservado. “Trabalhamos com elas, de uma forma geral, o que é a violência, os tipos e as formas de combate. Tentamos colocar mais atenção nos relacionamentos abusivos, porque as adolescentes estão nesta fase. Identificar os sinais que são demonstrados na relação para que elas possam se proteger de futuras violências no casamento. Passamos para elas também os pontos da rede de atendimento, caso precisem para si ou para ajudar alguém. A gente tenta fortalecer elas enquanto mulheres, mas também enquanto pares, de andar em grupos, de estar se ajudando, porque isso contribui para que se tornem mais fortes e protegidas”, disse Roseli.
De acordo com Aline Soares, gerente de articulação de redes da diretoria de Inclusão e Promoção de Direitos da Seit, dentro da programação ‘Todxs Por Todas’, o trabalho foi feito com foco na conscientização e na prevenção. “Se formos falar sobre a Lei Maria da Penha, precisamos pensar em formas de prevenção na saúde, porque serão menos vítimas hospitalizadas; e se falarmos em segurança pública, estamos falando de menos vítimas de violência a serem socorridas. Então, a gente abrange a intersetorialidade, que é o norte da rede de atendimento à mulheres vítimas de violência”, concluiu.
Busca Ativa Escolar
O mutirão passou também por outros municípios, como Itabaiana e Propriá, onde a Seit se somou à Seduc. A “Busca Ativa Escolar” é uma das estratégias do projeto “Fora da Escola Não Pode!” – iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para ajudar os municípios brasileiros a combater a exclusão escolar e garantir que cada criança e adolescente esteja estudando. O governo de Sergipe aderiu ao projeto em outubro de 2018 e, desde então, faz parte de uma plataforma online criada pelo UNICEF com passos e orientações para que todos os 75 municípios realizem a “Busca Ativa” e resgatem crianças e adolescentes que estão fora da escola, seguindo uma metodologia pré-estabelecida.