Empoderamento feminino’ foi o termo chave da terceira roda de conversa realizada pela Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência Social e do Trabalho (Seit) dentro da programação ‘Todxs por Todas’. Em torno do tema ‘Mulheres no Mundo do Trabalho’, o debate aconteceu na tarde da última quarta-feira, 13, no Centro de Referência da Mulher (CRM) da Barra dos Coqueiros, após palestra ministrada pela professora pós-doutora Maria Helena Santana Cruz, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), contando com a mediação das técnicas do departamento de Inclusão e Direitos Humanos (DIDH) da Seit.
Da provocação surgida a partir de dados apresentados pela professora, mostrando a situação de desigualdade entre mulheres e homens no mercado de trabalho, surgiam histórias como a de Maria José de Jesus Melo. Atendida no CRM, onde faz aulas de dança, artesanato e tem atendimento clínico-psicológico, ela conta que casou cedo e convivia em um relacionamento abusivo. “Com o passar do tempo é que eu fui aprender mais e também não tinha como sair de casa porque não tinha renda. Eu achava que eu não ia viver”, relata a artesã. A informação e os alertas sobre as diferentes situações que caracterizam violência física ou psicológica contra a mulher [e que existe amparo legal para que saiam da situação de violência] é o que motiva a realização e atrai o público a estes encontros.
“Quanto mais a mulher for empoderada, mais ela busca os seus direitos, o seu crescimento, sua independência e vai até empreender, para deixar de ter dependência financeira do homem e não ser submetida a qualquer forma de violência psicológica e física. Então trazemos a informação de que o NAT [Núcleo de Apoio ao Trabalho] está de portas abertas sempre para intermediação de mão de obra. Quando a gente encaminha estas mulheres e elas conseguem se estabelecer no emprego, elas se sentem mais fortes para enfrentar e se afastar do agressor”, disse Alexsandra Carvalho, técnica NAT, presente na roda de conversa. Também participou a psicóloga Regiane Rufino, assessora técnica para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do departamento de Assistência Social da Seit.
A professora Maria Helena explicou que, além das amarras sociais que dificultam a “saída da esfera privada da família para o espaço público”, as mulheres ainda encontram resistência do próprio mercado de trabalho. “Mesmo que as mulheres tenham a escolaridade elevada e estejam sempre se aprimorando, os estudos apontam que os salários são menores, que elas ganham menos do que os homens, que ainda há uma divisão sexual do trabalho. Elas ainda são direcionadas para os de trabalho de acordo com essa diferença e, com isso, têm desvantagem. Então, quanto mais informação e formação elas tiverem, maiores as chances de inserção no mercado de trabalho”, pontuou.
Aproximação
As atividades da programação ‘Todxs por Todas’ realizadas nos Centros de Referência de Atendimento à Mulher – CREAMs nos municípios do interior do estado têm por objetivo aproximar a comunidade atendida da gestão estadual, segundo conta Aline Soares, gerente de articulação de redes do departamento de Direitos Humanos da Seit. “Como a Assistência é municipalizada, os equipamentos que fazem atendimento direto ao público são quase que todos de execução municipal. O Estado coordena, capacita, assessora, monitora. Mas consideramos fundamental também dialogar e ouvir a população na ponta, para diagnosticar quais os seus reais anseios e formular políticas públicas efetivas. Então nesse esforço inicial, vimos nesta programação uma oportunidade de construção que possibilite estreitar essas relações”, detalha.
Segundo informou a coordenadora do CRM da Barra dos Coqueiros, Edênia Francisca Santos Correia, cerca de 20 mulheres participam da oficina de artesanato no local e puderam, na roda de conversa, ter acesso a mais informações. “A gente já vem articulando com essas oficinas produtivas, todas as quartas-feiras. E esse momento com a Seit é de suma importância para esclarecer algo mais aprofundado, mais técnico, para elas entenderem o que é estar no mercado de trabalho, o que é se empoderar do seu artesanato para poder produzir e vender. Elas ficam super felizes”.