
A Diretoria de Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social (DIDH/SEIAS) recebeu a artista trans sergipana Isis Broken para uma roda de conversa sobre casos de transfobia em unidades de Saúde. O objetivo do encontro foi ouvir os relatos de experiência dela e do seu companheiro, o homem trans Lourenzo Gabriel, que se encontra no sexto mês de gestação, para a elaboração de uma estratégia de atuação da DIDH junto aos órgãos de saúde, visando à sensibilização e capacitação de profissionais para o atendimento humanizado de pessoas trans.

Durante a roda de conversa, Isis expôs situações vivenciadas pelo casal transcentrado [configuração conjugal onde duas pessoas trans se relacionam amorosamente]. De acordo com ela, mesmo em estágio avançado da gestação, seu companheiro ainda não conseguiu realizar a primeira consulta de pré-natal, em decorrência de constrangimentos sofridos em atendimentos em unidades de saúde, a exemplo do desrespeito a identidades de gênero. “Logo na primeira triagem, para fazer o cartão de gestação, já enfrentamos problemas com o nome social na UBS. Depois, fomos encaminhados para um laboratório e o SUS insistiu em mandar o nome de batismo de Lorenzo. Também sofremos desrespeito em uma maternidade. Mas, nunca na minha vida passei por uma situação tão traumática quanto no Hospital Universitário. A gente percebe que há um total despreparo para lidar com pessoas trans, que acabam deixando de ir a unidades de Saúde por não serem bem atendidas”, disse Isis Broken.

A referência técnica LGBTQIA+ da Diretoria de Direitos Humanos da SEIAS, Adriana Lohanna, ressaltou a que se propôs o encontro, além de prestar apoio ao casal. “Fizemos esta roda de conversa não somente para entender como se deu o processo da Isis Broken, mas também para, a partir daí, pensarmos em alternativas para incidir sobre essas políticas públicas, para garantir o atendimento humanizado e acolhimento a todes de forma equânime, para que isso não aconteça com outras pessoas trans na busca por seus direitos. É importante entender a equidade e a igualdade nos sistemas de políticas públicas, seja no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) ou no Sistema Único de Saúde (SUS)”.

A diretora de Direitos Humanos da SEIAS, Lídia Anjos, reforça o papel da Secretaria de Estado da Inclusão em casos como esse. “Acolhemos as demandas sociais e temos a função de buscar sensibilizar a sociedade e os/as agentes públicos sobre a necessidade de se ter um fluxo e protocolo de atendimento para execução de uma política com dignidade, que pense as pessoas a partir das suas especificidades, em meio à diversidade. Neste caso, homens trans que estão engravidando e que têm direito a um atendimento com dignidade. Nosso próximo passo é buscar dialogar com profissionais de saúde e da área de direitos humanos para pensarmos conjuntamente em campanhas educativas, que estimulem todes a pensarem a execução das politicas públicas considerando a complexidade das realidades que constantemente se modificam e nos pressionam a acompanhá-las”, defendeu.

Isis Broken contribuiu para a elaboração de alternativas, sugerindo a articulação de uma unidade de Saúde especificamente voltada para as pessoas trans em Sergipe. “Poderia haver uma articulação para que, pelo menos, um hospital seja referência para pessoas trans. Esse é o caminho, juntamente com a realização constante de capacitações para técnicos em hospitais e UBS. A gente precisa ter um contato humanizado, e não sermos vistos como experiências ambulantes. Precisamos que nos vejam como seres, pois temos famílias e estamos formando uma nova família agora, neste momento. A gente precisa cuidar do básico, que é respeitar e nos ver como uma identidade viva e verdadeira”, concluiu.
Fotos: Pritty Reis















