O Espaço Zé Peixe, localizado no Centro da Capital, ganhou vida e muita arte na noite da última da sexta-feira, 15, com a realização da primeira edição do ‘Sarau com Elas’. Integrando a programação ‘Todxs por Todas’, realizada pelo governo do Estado ao longo deste mês de março, o evento reuniu poetisas, cantoras, artistas em geral e artesãs dos Coletivos Panapanã e Mulheres Criativas. A noite contou com apresentações de Manu Passos (poesia), Mc Negratcha e Mariáh Médici (música/RAP), do Coletivo Ginká (dança) e do Teatro Negro Ubuntu. Em exposição, produtos de mulheres artesãs das marcas Yalaxó (roupas e assessórios), Inae Biocosmética Artesanal, Uivo das Matas (cosmética artesanal natural), Nefertiti Fitocosmética Natural, Cantinho da Costura, Belecar (bolsas artesanais), Odoyá, Negra Luz (roupas e assessórios), Faustina Gourmet e Yapadá.
Presidente estadual da Frente das Mulheres do Hip-hop e militante feminista, Mc Negratcha fez uma apresentação marcante no Sarau com Elas, ao lado de Mariáh Meédici. Ela ressaltou a importância da ressocialização e capacitação das mulheres em privação de liberdade, para que voltem para o mercado de trabalho. “Eu luto pelas mulheres encarceradas porque são mulheres guerreiras do nosso cotidiano, que infelizmente estão ali. Participo dessa luta em diversas instâncias, buscando parcerias com quem puder capacitá-las, por exemplo, com cursos de cabeleireira, manicure, entre outros”, disse. A rapper destacou, ainda, a importância da realização do Sarau e da exposição de produtos das mulheres artesãs. “Toda vez que vejo um espaço como esse, fico extremamente lisonjeada e feliz. Temos que apoiar umas às outras. Fortalecer essa rede”, defendeu.
A professora e ex-deputada Ana Lúcia foi uma das pessoas que fizeram questão de prestigiar o evento, e avaliou como essencial a iniciativa de utilização do espaço Zé Peixe numa perspectiva de valorização da cultura. “Além de gerar oportunidade para as mulheres, é uma forma de valorizar os talentos artísticos da juventude e gerar renda para a população. Eu vejo que a partir dessa iniciativa, esse espaço pode passar a ser constantemente usado por diversos segmentos. Além de ser agradável e prazeroso, tem o nome de uma grande figura sergipana, que é o nosso Zé Peixe”, disse Ana Lúcia.
Também presente no sarau, Erika Leite, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, ressaltou o incentivo à autonomia financeira das participantes. “A exposição de produtos é uma atividade importante prevista pelo sarau, por auxiliar na conquista e manutenção da autonomia da mulher. Artisticamente, a gente destaca as manifestações culturais das mulheres negras, que deram um show nesta noite. Valorizar o que é nosso é fantástico, e fazer isso resgatando a ocupação de um espaço como o Zé Peixe é mais que necessário. Cultura e arte como revolução; é no que acredito”, afirmou Erika.
Farmacêutica e aromaterapeuta, Jamile Souza produz os biocosméticos Inaê desde 2015, quando estava na metade da graduação. “A gente tem poucas opções. Há muitos espaços, como o Zé Peixe, que podem ser melhor utilizados. Considero muito importante fomentar essa comercialização”, opinou. Jamile expôs ao lado de Fernanda Gomes, que produz roupas e acessórios feitos a mão, peças inspiradas na ancestralidade, com tecidos africanos. “Gostei da iniciativa, principalmente por trazer essa visibilidade pra gente. É um espaço aberto ao público. Como o centro não é um lugar que se costuma frequentar à noite, acredito que é importante mudar essa cultura e incentivar essas ações, que são importantes para a população”, pontuou.
Segundo a referência técnica para povos e comunidades tradicionais da Seit, Iyá Sônia Oliveira, uma nova edição do Sarau com Elas acontecerá no próximo dia 29 de março, mas o departamento de inclusão e direitos humanos trabalha com a perspectiva de que o evento continue acontecendo periodicamente no Espaço Zé Peixe. “Há um direcionamento da secretária Leda Couto para que nós levemos algumas das atividades que estamos realizando dentro da programação ‘Todxs por Todas’ para o ano todo, tornando-as ações permanentes, após o término do mês da mulher. Acreditamos ser de fundamental importância a valorização da expressão artística e do trabalho da mulher, dentro da perspectiva da geração de renda para a autonomia e, consequentemente, do empoderamento”, concluiu.