Ana Lúcia Reis, 58, era uma criança de apenas dez anos quando precisou deixar a escola para acompanhar a mãe e o padrasto na colheita da laranja. Além da tristeza por ter perdido a oportunidade de sonhar com um futuro melhor, sua memória está repleta de lembranças do tempo em que ficava sentada na calçada de casa sem trabalho, por ter chegado o período da entressafra. “Aí a gente tinha que correr atrás de uma faxina, de fazer uma limpeza numa roça. Quando o programa Mão Amiga chegou trazendo esse benefício, foi uma maravilha. O dinheiro vem sempre em boa hora”, conta a trabalhadora rural.
Pensando em criar mecanismos para evitar que histórias como a de dona Ana se repitam, o Mão Amiga deverá ser aprimorado. Foi o que enfatizou a vice-governadora Eliane Aquino nesta quinta-feira, 07, quando destacou o compromisso do governador Belivaldo Chagas em dar continuidade ao programa estadual de transferência de renda. Segundo ela, o Mão Amiga deverá entrar em nova etapa, oferecendo, por meio de parcerias, possibilidades de educação, capacitação e melhoria de qualidade de vida para as famílias dos citricultores. Durante a realização dos seminários do programa nos municípios de Boquim e Lagarto, Eliane afirmou que o Mão Amiga precisa ir além do repasse das parcelas.
“Quando Marcelo Déda trouxe o programa para Sergipe em 2009, ele disse que queria usar o Mão Amiga como uma espécie de isca para trazer essas famílias para mais perto da gestão, de forma que se pudesse conhecer a fundo suas necessidades e melhorar sua qualidade de vida. Quero que vocês carreguem o sonho de Marcelo junto comigo. Queremos ver seus filhos nas escolas, nas universidades. Queremos oferecer qualificação profissional para que vocês tenham escolhas e, para isso, preciso contar com o apoio de cada um. Só se resolve o problema da exclusão e da pobreza através da educação”, frisou a vice-governadora.
No mesmo sentido, a secretária de Estado da Inclusão Social e do Trabalho, Lêda Couto, destacou a importância se agregar benefícios complementares ao programa, como a oferta de treinamento e capacitações, criando alternativas para que aqueles que desejem, possam ser inseridos em outros setores do mercado. “O Mão Amiga está completando dez anos e precisa ser incrementado. Vamos encontrar formas de possibilitar que todos vocês tenham escolha, alternativas. A ideia é aquecer a economia de cada município, identificando suas potencialidades e capacitando mão-de-obra para atender os novos setores produtivos que deverão surgir”, explicou Lêda.
Aos 47 anos, Elizabete Santos Oliveira trabalha na colheita de laranja há cerca de uma década. “Antes do Mão Amiga era tudo mais difícil. No período da entressafra, eu tinha que correr para conseguir um trabalho numa casa de família, mas às vezes não conseguia. Esse dinheiro ajuda muito. Nos seminários a gente recebe muita dica, aprende tratar a terra, a usar um adubo, é muito bom”, disse. Questionado sobre o emprego que fez da terceira parcela do benefício, no valor de R$ 190 reais, José Carlos dos Santos, 55, foi rápido na resposta. “Graças a Deus eu comprei meu botijão, paguei o talão de água e ainda sobrou dinheiro para fazer umas compras na feira. Para a gente, que não encontra outro serviço, esse dinheiro é a salvação”, declarou.