Foram oficialmente encerrados nesta sexta-feira, 19, os trabalhos desenvolvidos pelo Gabinete de Crise instalado pelo governo de Sergipe em Riachuelo, para ações de resposta aos efeitos das chuvas, que tendo se precipitado em volumes muito acima do esperado, elevaram os níveis do Rio Sergipe, provocando uma inundação sem precedentes na história da cidade. Em reunião com a prefeitura do município, a Defesa Civil Estadual o Corpo de Bombeiros e a secretaria de Estado da Inclusão Social (Seit) apresentaram as medidas adotadas e passaram orientações para que o município dê continuidade ao seu processo de restabelecimento.
A equipe coordenada pelo capitão Carvalho – que esteve entre as equipes que atuaram em Brumadinho – concluiu que foram adotadas todas as medidas emergenciais possíveis para assistir as quase 2 mil pessoas diretamente atingidas pelas inundações na cidade e povoados. Também por essa razão, se desfez, no município, a central de coleta de donativos. As pessoas ainda interessadas em fazer doações deverão buscar a sociedade civil organizada ou fazer a doação de forma direta. Segundo a prefeita Cândida Leite, as pessoas precisam mais de material de higiene e limpeza; além de alimentação, material de construção e móveis, considerando que muitas pessoas perderam tudo.
“Eu tenho muito que agradecer, o apoio do gabinete de crise foi muito importante, porque a tragédia foi muito grande. O que aconteceu em Riachuelo nunca tinha acontecido antes, a gente nunca se viu diante de uma crise dessa. Não tínhamos experiência, como acho que ninguém tem, diante de uma situação como essa. Foi quando a Defesa Civil, os Bombeiros e a Seit chegaram, nos dando esse apoio. Só então é que a gente pôde também tomar algumas decisões mais acertadas, fazer as coisas corretamente”, completou a prefeita.
O Capitão Carvalho, do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe, conta que o objetivo do gabinete foi de mitigar os efeitos do desastre. “Eu e o tenente Edmilson fomos incumbidos desta missão, e a prefeita Cândida deixou toda a máquina administrativa à nossa disposição, para que a gente pudesse responder ao desastre, como foi feito. Todo o secretariado, os assistentes sociais, os agentes de saúde e os voluntários, foram todos bastante solícitos. Agora, a gente consegue ter uma situação bem mais tranquila no município, próxima do estado de ‘normalidade’, de forma que o poder público municipal sozinho consegue responder e concluir as ações”, avaliou.
Inácia Brito, diretora de Assistência Social da Seit, afirmou que a secretaria de Inclusão Social continuará atuando junto à prefeitura. “Estamos passando algumas orientações à prefeitura, sobre a continuidade do atendimento às famílias atingidas e procedimentos legais para o recebimento dos recursos. Mesmo desinstalando o gabinete, a secretária Lêda Couto orientou que sigamos tendo máxima atenção ao município”, explica. Para Inácia, o encerramento do gabinete nesta sexta, foi possível graças à eficácia do trabalho dos servidores e voluntários envolvidos no processo de apoio aos moradores atingidos pelas inundações. “Impressionou o envolvimento de todo o pessoal da prefeitura e da própria população que foi vítima das enchentes. É muito bom poder contar com pessoas assim”, concluiu.
Também na avaliação do cel. Alexandre José, diretor da Defesa Civil Estadual, a missão do órgão, de dar a resposta, foi cumprida. “A gente fez um chamamento ao Corpo de Bombeiros, que prontamente veio montar esse Gabinete de Crise via Sistema de Comando de Operações, de modo que realizou uma gestão da crise, propriamente dita, ao longo desta semana. Então, findada a crise principal e estando estabilizada a situação, a gente sai do cenário como gestor da crise, mas permanece no município dando todas as orientações para a captação de recursos – para além das ações do ponto de vista preventivo, para que o município esteja sempre preparado para outras eventualidades. Portanto, a gente entende que o nosso papel nesse primeiro momento foi concluído”, disse o cel. alexandre.
LEVANTAMENTO E RECURSOS
Após um levantamento, as equipes do gabinete de crise concluíram que 1818 pessoas foram diretamente atingidas, dentre as quais havia 452 crianças, 129 idosos e 4 pessoas com deficiência. Todas as 576 famílias receberam cestas básicas, água mineral, itens de vestuário e, as mais necessitadas, colchões e colchonetes, e kits de lençóis. Com base na necessidade identificada, um plano detalhado de resposta – PDR foi protocolado junto à Secretaria Nacional de Defesa Civil, cuja aprovação foi publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira, com a liberação de cerca de R$ 200 mil para ações de assistência, a título de ajuda humanitária para o município.
Ao mesmo tempo, as equipes de engenharia da Defesa Civil, da Sedurbs e do próprio município vistoriaram as casas atingidas e concluíram que, no município, 41 casas desabaram, outras 41 em estão em risco de desabamento e mais 52 necessitam de reparos. Um novo PDR será protocolado junto à secretaria Nacional de Defesa Civil no início da próxima semana, com o descritivo dos valores que serão solicitados para ações de restabelecimento. As localidades mais afetadas foram os bairros Divineia, Centro, Sítio do Meio, Povoado Central, Povoado Massape e Assentamento Mario Lago.
|Fotos: Pritty Reis e Fernando Augusto