Neste domingo, 19 de maio, o Espaço Zé Peixe completa quatro anos. Fundado em 2015 a partir de uma grande reforma do antigo terminal hidroviário de Aracaju, o espaço se tornou um ponto de referência no centro histórico da capital, recebendo turistas e alunos de escolas da rede pública e particular de ensino, em visita ao Memorial que conta a história da vida do mais notável prático sergipano. Nesta sexta, 17, a secretaria de Estado da Inclusão Social (Seit) inicia uma programação comemorativa ao aniversário do Espaço, com a abertura de duas exposições.
A primeira delas é a exposição “Recriando”, que reúne 11 réplicas de embarcações pelo olhar de Mestre Passos, além da maquete representativa do Largo da Gente. Com expografia de Jorge Luiz Barros, curadoria de Sayonara Viana e fotografia de Mozart Daltro, “Recriando” traz reproduções da canoa de tolda (patrimônio cultural de Sergipe), do famoso tototó, do bote de São Cristóvão, da canoa cearense, entre outras embarcações. De acordo com Sayonara Viana, é um trabalho que faz parte do imaginário do artista, que remonta à infância. “É como se ele estivesse brincando com a madeira e nos presenteando com belas obras que estão na história de Sergipe”, explica a curadora da exposição.
José Santos de Araújo – o Mestre Passos – é filho da cidade de São Cristóvão. ‘Mestre’ por criar, ensinar, restaurar e transformar madeira em arte; ‘Passo’s por ter nascido no dia da Festa de Nosso Senhor dos Passos. Ele herdou o ofício da marcenaria do seu pai, mas trilhou caminhos musicais, tornando-se primeiramente luthier e restaurador de mão cheia; depois, artista plástico e nautimodelista, se dedicando à construção embarcações e de réplicas reduzidas.
A segunda exposição que ocupa o Espaço Zé Peixe a partir desta sexta-feira é a ‘Art In África’, reunindo 20 peças originais do continente africano, integrantes do acervo pessoal do produtor cultural Guga Viana. De acordo com ele, o acervo completo é composto por 2.500 peças, reunidas durante os mais de dez anos em que residiu na África. “Tive o privilégio de morar em diversos países do continente e me apaixonei pela cultura maravilhosa que eles têm. As peças são de uma beleza rara, trazendo consigo a força e a representatividade mística de uma religiosidade pujante”, disse Guga.
Sarau do Zé e Feira de Artesanato
Além das artes plásticas, o Zé Peixe também abre espaço para a música, a poesia e o artesanato. Na quarta-feira, 22, se inicia uma feirinha, que colocará no centro das atenções a riqueza do artesanato sergipano, todos os dias, a partir das 10h. Na sexta-feira, 24, a programação culminará com o ‘Sarau do Zé’, uma continuidade do ‘Sarau com Elas’, realizado em março, durante a programação ‘Todxs por Todas’. Além do espaço aberto para a declamação de poesias, o cantor Gladston Rosa se apresentará a partir das 18h.
Sobre Zé Peixe
José Martins Ribeiro Nunes, ou Zé Peixe, nasceu e viveu em Aracaju e foi o mais importante prático de Sergipe. Em 1938, o Capitão-de-Corveta da Capitania dos Portos de Sergipe, Aldo Sá Brito de Souza, lhe colocou o apelido de “Zé Peixe”. Em 1947, foi admitido na Marinha como prático, cuja função é receber navios em alto mar e guiá-los até o porto e, na saída, conduzi-los até onde for possível seguir com segurança. Ficou famoso pelo modo único de executar essa atividade. Ao invés de se dirigir aos navios com lanchas, nadava até eles; quando estes retornavam para alto mar, saltava de alturas e voltava a nado para terra firme. Chegava a nadar até 13 km. Seus feitos heroicos, seu vigor físico, sua maneira de trabalhar e seu modo simples de viver lhe conferiram fama e prêmios internacionais.
|Fotos: Pritty Reis e André Moreira.