Campanha ‘21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher’ reforça compromisso da gestão estadual com as sergipanas

Lançamento da campanha acontece em conjunto com o Dia da Consciência Negra

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Assistência Social e Cidadania (Seasc), aderiu à campanha ‘21 Dias de Ativismo pelo fim da violência contra a mulher’. Na manhã desta segunda-feira, 20, aconteceu o lançamento da Campanha, em conjunto com a celebração do Dia da Consciência Negra.

A campanha é inspirada na ação mundial ‘16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher’. No Brasil, a decisão de estender os dias se deu para priorizar e reforçar o recorte racial, visto a dupla discriminação enfrentada por mulheres negras, que são vítimas em maior percentual de feminicídio, conforme estatísticas.

A programação é conduzida pelo Diretoria de Direitos Humanos e tem como objetivo conscientizar sobre as diversas formas de agressão contra mulheres e meninas, dar visibilidade à questão e colocá-la no centro do debate público e, em consequência, intensificar a urgência do engajamento de toda sociedade na luta contra a violência às mulheres.

A coordenadora de Políticas Públicas em Defesa das Pessoas em Situação de Rua e uma das idealizadoras da programação, Isabel Ferreira, explica que a violência contra a mulher é um tema relevante, de responsabilidade de toda a sociedade, e que essa iniciativa vem reforçar o compromisso da gestão estadual com as políticas de promoção de igualdade de gênero e combate à violência.

“É uma forma de você voltar a sociedade para essa discussão, para esse tema tão importante, e paralelo a isso, é uma forma de fortalecer o trabalho da Secretaria de Assistência Social, como elemento extremamente importante na rede de proteção às mulheres vítimas de violência. Temos que discutir, propor soluções e fortalecer nossa rede de proteção. A gente vem com esse governo, que sabe da importância, que vem investindo e retomando a condução das políticas públicas voltadas para essa população”, declarou.

A coordenadora de Políticas Públicas em Promoção da Igualdade Racial e também idealizadora da programação, Marcia Vieira, frisou que esse recorte racial é extremamente importante para dar visibilidade às histórias de mulheres negras. “É importante porque dá visibilidade às mulheres negras, falando das suas histórias e das desigualdades. A gente quer alcançar toda a comunidade sergipana, para que a gente não fale da invisibilidade só para nós mesmas, e foi através do olhar e sensibilidade da secretária Érica Mitidieri que nós trouxemos a pauta com esse recorte”, conta.

Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), feito com base nos registros de Boletins de Ocorrência das Polícias Civis dos estados e do Distrito Federal, nos primeiros seis meses de 2023, houve um aumento nos casos de feminicídio, estupro e violência doméstica. Entre as vítimas de feminicídio, 61,1% eram negras e 38,4% brancas. Nos assassinatos de mulheres considerados homicídios (e não feminicídio), o percentual de vítimas negras é ainda maior, com 68,9% dos casos, para 30,4% de mulheres brancas.

A coordenadora da Ronda Maria da Penha da Polícia Militar de Sergipe, capitã Fabiola Góes, explica que isso acontece devido ao contexto de pobreza e falta de oportunidades que essa população normalmente está inserida. “É fato que a mulher negra é a maior vítima. Você pode ver isso em todo tipo de estatística, seja do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, seja pegando e analisando caso a caso. É fato, porque a mulher negra está numa situação de interseccionalidade, nessa violência que é de classe, que é de raça e é de gênero. As mulheres negras, estatisticamente, ainda são as mulheres mais pobres. Então ela está nessa encruzilhada, três violências que atingem os corpos dessa mulher”, analisou.

A militar destaca que esta é uma campanha que chama as pessoas não negras para reconhecerem seus preconceitos, entenderem a sociedade na qual estão inseridas e assumir o papel de responsável no combate a essas violações. A coordenadora ainda frisou o trabalho que vem sendo desenvolvido por intermédio da Ronda Maria da Penha. “A Polícia Militar, através da ronda, leva segurança para as mulheres que mais precisam. Essa luta também é nossa, isso é fazer a diferença”, falou.

A presidente da Associação das Mulheres Empreendedoras de Sergipe (AME-SE), Priscila Cruz, compartilhou um relato pessoal, em que falou sobre o processo de saída de um relacionamento abusivo após 16 anos. Ela defende que essas ações são essenciais para fortalecer e estimular as políticas de prevenção e combate a qualquer tipo de violência de gênero e raça, e parabeniza o governo estadual pela iniciativa.

“A abertura dessa campanha diz muito para mim. É um dia muito importante para mostrar para as mulheres, principalmente as mulheres negras, que elas podem sim chegar aonde elas querem. Eu só consegui sair dessa violência doméstica buscando profissionais, buscando outras mulheres que conseguiram me ouvir. Esse governo vem com uma visão muito ampla em relação à mulher, dando vez e voz às mulheres, e hoje abriu essa oportunidade, no Dia da Consciência Negra, trazendo tantas mulheres fortes, tantas mulheres com histórias incríveis aqui em Sergipe. É maravilhoso, e eu quero parabenizar a todos por essa abertura”, disse.

Ainda durante o evento, houve as apresentações artísticas da banda Afro Maria Tambor, banda de reggae Jardim dos Leões e do Grupo Coletivo Mulheres diVersos, além da abertura de uma exposição de artistas locais negros, que ficará disponível para o público em geral até o dia 30 de novembro.

Também estiveram presentes a presidente do Conselho Estadual de Direitos da Mulher, Iza Luanne, a Diretora de Proteção e Combate à Violência contra a Mulher da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Ana Carolina Machado, e a Idealizadora do Instituto Ressurgir e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Valdilene Martins.

Última atualização: 18 de janeiro de 2024 16:02.

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